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Olhou o balde, com água gelada sem sabão e uma minúsculo escova de larvar os dentes neste afundada. Sua expressão estava incrédula, pois só podiam estar a brincar com sua cara como ela era nova ali dentro. Era difícil acreditar que a mesquinha da patroa lhe estivesse a obrigar a limpar aquelas paredes negras de uma maneira tão rudimentar, sem luvas nem nada, com uma ferramenta assim.
Para começar, o preto derivado da humidade da casa já estava tanto impregnado que mais parecia ser o resultado de mais balde e baldes de tinta utilizados ao longos dos últimos séculos. Nem que ficasse até o final dos seus dias a gastar as unhas esfregando cada orifício do cimento, era óbvio a impossibilidade em concluir tal tarefa sem os produtos adequados.
Respirou fundo, e pôs mãos á obra, reflectindo quanto tempo demoraria e se iria conseguir sequer sair dali a tempo e horas sem levar sermão. Começou de qualquer forma, pois sabia que o seu trabalho e dedicação seria em vão de qualquer das maneiras.
Os seus gestos monótonos transformaram-se em um mesclar de ansiedade e curiosidade, quando, ao mínimo toque da sua escova, uma pequenina fenda se abriu no cimento, revelando um buraco escuro. Se continua-se a esfregar ali, o buraco poderia abrir mais, como um dedo rasgando e ultrapassando papel de cenário. Em poucos segundos, concluiu sim, que aquela zona em especifico da parede era feita de uma fina camada de papel, sendo a traseira a entrada para uma zona oca da casa, inundada de mistério.