Archive for março 2024

Parede || Escova || Oco - Escrevendo pelas Palavras

 


Escrevendo pelas palavras é uma compilação de exercícios que visam desenvolver a minha escrita criativa e consistem, basicamente, em selecionar uma ou mais palavras aleatórias, escrevendo um pequeno texto baseado nestas.


    Para saber mais da proposta deste quadro no blog, e conferir a lista completa de todos os exercícios ou excertos publicados até corrente data, clique aqui!


26 de Setembro de 2022

Parede || Escova || Oco


Olhou o balde, com água gelada sem sabão e uma minúsculo escova de larvar os dentes neste afundada. Sua expressão estava incrédula, pois só podiam estar a brincar com sua cara como ela era nova ali dentro. Era difícil acreditar que a mesquinha da patroa lhe estivesse a obrigar a limpar aquelas paredes negras de uma maneira tão rudimentar, sem luvas nem nada, com uma ferramenta assim.


Para começar, o preto derivado da humidade da casa já estava tanto impregnado que mais parecia ser o resultado de mais balde e baldes de tinta utilizados ao longos dos últimos séculos. Nem que ficasse até o final dos seus dias a gastar as unhas esfregando cada orifício do cimento, era óbvio a impossibilidade em concluir tal tarefa sem os produtos adequados.


Respirou fundo, e pôs mãos á obra, reflectindo quanto tempo demoraria e se iria conseguir sequer sair dali a tempo e horas sem levar sermão. Começou de qualquer forma, pois sabia que o seu trabalho e dedicação seria em vão de qualquer das maneiras.


Os seus gestos monótonos transformaram-se em um mesclar de ansiedade e curiosidade, quando, ao mínimo toque da sua escova, uma pequenina fenda se abriu no cimento, revelando um buraco escuro. Se continua-se a esfregar ali, o buraco poderia abrir mais, como um dedo rasgando e ultrapassando papel de cenário. Em poucos segundos, concluiu sim, que aquela zona em especifico da parede era feita de uma fina camada de papel, sendo a traseira a entrada para uma zona oca da casa, inundada de mistério.


Esquecendo || Luar || Acordado - Escrevendo pelas Palavras

   


Escrevendo pelas palavras é uma compilação de exercícios que visam desenvolver a minha escrita criativa e consistem, basicamente, em selecionar uma ou mais palavras aleatórias, escrevendo um pequeno texto baseado nestas.


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26 de Setembro de 2022

Esquecendo || Luar || Acordado 

Uma coisa tinha a certeza naquela noite: Deveria acordar a tempo de ver o fenómeno natural previsto na ultima semana. Não era todos os dias que se podia testemunhar um eclipse lunar, sem falar que perdera a conta de todos os eventos do género que já perdera no passado, por esquecimento ou por algum acaso do destino que decidiu pregar-lhe alguma brincadeira.


Colocou o despertador ligado antes de se esquecer da hora marcada. Cinquenta minutos antes das cinco da manhã, a hora que o eclipse ocorreria. Certificou-se de espalhar uns quantos por toda a casa, pelo bem da zaragata total. Só esperava conseguir mante-se em pé após tanto tempo, portanto, procurou organizar na sua secretária qualquer coisa que pudesse fazer na altura, mesmo sem a certeza se tais atividades iriam mante-lho acordado. Olhou pela janela, o céu limpo era sinonimo de uma bela noite de luar.


Não, não podia perder o evento, tinha que o ver! Nem que isso custasse ficar a noite inteira ao relento sacrificando sua sanidade mental.



Floresta || Boneca || Planalto - Escrevendo pelas Palavras


Escrevendo pelas palavras é uma compilação de exercícios que visam desenvolver a minha escrita criativa e consistem, basicamente, em selecionar uma ou mais palavras aleatórias, escrevendo um pequeno texto baseado nestas.


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21 de Setembro de 2022

Floresta || Boneca || Planalto


    Os galhos mais finos e baixos das árvores roçavam no exterior do vidro, firmes e monótonos, que nem as imagens de um filme antigo. O rapaz manteve-se estático, observando as pálidas formas verdes indo e vindo constantemente, até começarem a se dissipar, á medida que a paisagem se transfigurava.


    Estavam a sair da mata densa. Finalmente, pensou ele, agarrado ao seu telemóvel, ainda desapontado pela falta de internet – algo que o privava de tudo.


- Bem lá no alto daquele planalto, achei um tesouro, muito precioso, certa vez – Comentou o pai, de repente, como se continua-se, do nada, uma conversa antiga, que á muito tempo fora interrompida pelo silencio – Acho que vais gostar.


O rapazote encolheu os ombros, não gostava nada da ideia de passar uma temporada longe da sua cidade natal, na quinta dos avós, longe dos amigos, da família da mãe, da namorada, de tudo. Fitou o pai lá no seu assento da frente, ainda agarrado ao volante com as mãos firmes de tanta ansiedade. As costas encurvadas e os olhos fixos na estrada, brilhantes que nem pérolas preciosas, rebobinavam memórias da sua infância e juventude, anos e anos de boas lembranças passadas ao longo de todas aquelas terras, campos e matas, que lhe acenavam, como um reencontro com velhos amigos.


- Que tipo de tesouro? – O rapaz perguntou, não por estar com interesse nas palavras envoltas de nostalgia do adulto, mas por um apenas puxar de conversa e passar de tempo.


Não tinha mais nada para se distrair, afinal de contas, do que entregar um falso agradar ao seu progenitor.


- É que, bem lá em cima, no centro do planalto, existia uma lixeira a céu aberto, onde despejavam de tudo, lixo urbano, resíduos da agricultura, etc. Lembro-me de ver nas fotografias antigas da minha mãe uma boneca antiga, que foi parar ao lixo por engano. E, adivinha o que eu encontrei, certa vez, quando explorava esse planalto com uns amigos? Essa mesma boneca! E apesar de estar á anos exposta a chuva e vento, sua condição ainda era perfeita.


- Que otimo… - O rapaz falou, numa expressão de tédio.


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