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- Interlúdio I – A Criança Perdida
Cerca de doze
anos atrás, as duas crianças entraram pelos portões numa correria, após se
despedirem dos pais.
Cerca de doze
anos atrás, uma delas, que era a mais nova da dupla, perdeu-se da outra no meio
do pátio e da multidão que nesta se formava, pois não conseguira acompanhar o
ritmo da mais velha.
Era o seu
primeiro dia naquela escola pacata à beira mar, e aquele que devia ser um dia
agradável e divertido, recheado de amizades novas, tornara-se um pequeno
pesadelo que incomodaria seus sonhos pelo resto dos seus dias.
Pois, por
muito simplório que alguns momentos possam ser, podem ser traumatizantes para
quem ainda está a compreender o que é a vida.
A menina
perdida, que não era nada extrovertida, não soube para onde se virar primeiro. A
mais velha já conhecia o local de anos anteriores, quase de cor e salteado, e,
portanto, compreendia como funcionava os primeiros passos.
Mas ela não.
Era a sua
primeira vez naquele ambiente novo e estranho, e apesar da sua inteligência, a
ansiedade dentro de si a deixara moribunda face à realidade.
As
funcionárias mal encarijadas passavam por ela, sem palavras. Estavam habituadas
a crianças, e a presença da menina solitária tornara-se mais um fardo qualquer
da rotina delas, igual a todos os outros.
Ela que se desenrascasse sozinha e se
quisesse.
A campainha
tocou, marcando o início da reunião do primeiro dia de aulas, e a população presente
dispersou-se.
Todas foram na
mesma direção, mas a criança, que ainda assimilava o que estava a ocorrer, não
notara isso, e sua falta de orientação dera a entender que as pessoas
dirigiram-se para diferentes salas, e não apenas para a mesma porta.
Tentou seguir
alguém, mas rapidamente perdeu-os de vista, e assim, começou a deambular nos
corredores, sem saber o que fazer, sem saber para onde ir, e sem ouvir a voz de
alma alguma nem os grunhidos de nenhum Pokémon que fosse presente.
Sentia-se a
única criança no mundo.
Caminhava devagar,
e de ombros encolhidos.
Ainda demorou
muito tempo a encontrar alguém a quem tentar pedir instruções.
A primeira pessoa
que a avistara, ao fundo de um certo corredor, torceu o nariz mal a viu,
olhando-a de cima a baixo, e começou, bem antes da menina abrir a boca,
impossibilitando-a de falar:
– O que esta está aqui a fazer? Porque não está
no auditório como os outros? – logo comentou a pessoa, com tom estúpido.
E instantes
depois, virou as costas, desaparecendo para o interior de uma das salas. A
porta bateu num baque um tanto violento.
A criança, que
julgara encontrar abrigo nas palavras de alguém, ficara ainda mais abalada por
receber uma hospitalidade bravia daquelas, pois não sabia a direção, e muito
menos o que era um auditório.
O tempo ia
passando, e a população, surgiu outra vez, após mais um toque repentino da
campainha que fizera a criança arrepiar-se.
Mas passavam
pela menina de olhos lacrimejados, sentada na escadaria do corredor, sem a
fitarem, como se ela não fosse ninguém.
Crianças da
sua idade juntavam-se em grupinhos risonhos, que pareciam dividir-se em turma
ou classe social, mas a menina introvertida não compreendera isso, e não se
aproximou de ninguém.
Era muito
confuso a forma como aquele novo mundo funcionava.
Tanta gente
entusiasmada, com uma rota já traçada, e ela ainda ali, parada, esperando
começar o trajeto, olhando as pessoas e as paredes, sem soluções.
Quando a
multidão desaparecera outra vez, subindo para os andares superiores do
edifício, ficara só ela ali, outra vez a sós com seus pensamentos e medos,
imóvel no mesmo local, esperando quem não iria aparecer.
Ninguém lhe
dissera nada, e não tinha nenhuma mão amiga para lhe mostrar aqueles corredores
nem dizer diretamente para onde ela devia se dirigir.
A pequena criança
abraçou as suas pernas.
Ela não soube
bem quanto tempo ficou ali parada, vendo o vazio, até ouvir outra vez alguém,
que surgira no fundo do corredor e viera a seu encalço.
Uma voz de uma
adulta, que chamava por ela.
Mas não com o
melhor tom, não pelas melhores intensões.
– Estava à tua
procura! Faltaste à reunião com os professores e o diretor no auditório! E
agora faltando às aulas?! Logo no primeiro dia! Vais ter sérios problemas,
minha menina!
E então, como
alguém tão jovem assim, que não estava a conseguir assimilar o que acontecia ao
seu redor, iria se defender de tamanha acusação?
Ela não sabia,
e então, deixou os adultos interpretarem seu silêncio cabisbaixo como a
confirmação daquilo que eles imaginavam mesmo ouvir.
– E de quem será
filha aquela ali muito quieta? – começou uma voz.
– Ela não fala
com ninguém. – ouviu outra voz.
– Uma bicha do
mato. – cochichou ainda mais outra voz,
bem sibilante.
As vozes
rodeavam-na, e era impossível não ouvir o modo como tanto adultos como outras
crianças a encaravam e interpretavam por ela parecer tão diferente.
E o pior disso
era que ela não estava a conseguir perceber.
Mas a pressão
do julgamento foi mais forte, e em vez de o combater, a criança começou a agir
a favor dele.
– Que nojo. –
disse uma menina, sentada na mesa do refeitório, olhando o jarro de água que
todos ali compartilhavam em seus copos. – Eu não vou beber isto.
– Parece que
alguém cuspiu aqui dentro, que nojo. – outra criança ao lado daquela disse,
copiando o tom enojado da amiga. – Alguém vá pedir mais água! Isto é um
tremendo horror!
A criança
solitária mordiscava o seu pedaço de pão com doce de Oran Berry, com os olhos
fixos em todos os detalhes que a rodeavam. Tanto o pai como a mãe a ensinaram a
comer tudo, e, portanto, mesmo que ela não gostasse e eles estando ausentes,
sentia a obrigação de ingerir cada um dos alimentos, logo, aquele doce no pão
era uma feroz batalha.
Ouvir a
conversa da mesa, mesmo ao seu lado, a fez encarar o jarro da sua própria mesa
vazia. A água no interior parecia normal, mas mesmo assim, foi impossível não
sentir uma espécie de repulsa a dominando.
Logo botou o
seu copo para o lado e não voltou a beber.
Todos os
outros iam até uma outra bancada buscar mais água quando a dos jarros de cada
mesa acabassem, mas a criança preferiu passar sede em vez de se levantar do
local e ir lá. Quem sabe, alguém fizesse algo ruim a suas coisas e à sua comida
da bandeja na sua ausência, ou pior ainda, todo o ressinto se silenciasse só
para a verem passar, com sussurros de fofoca sobre si a cada uma das suas
passadas.
Lambeu os
lábios, procurando matar a sede com sua própria saliva. Não iria resultar, mas
talvez encher a boca de saliva impossibilitasse durante um tempo o seu desejo
em beber água. Um pensamento tolo, ela sabia.
E mesmo que
não resultasse, ela não iria se levantar e atravessar todo o refeitório.
Em certo
ponto, ela nota uma cara familiar com um tabuleiro em mãos, procurando um local
para se sentar.
Por momentos,
seu coração solitário acalmou.
E seguiu-a com
o olhar.
A outra criança
posicionava os pratos com comida na sua bandeja sem problema algum, sempre
acompanhada de um sorriso contagiante para os adultos. Elogiando as
funcionárias e conversando com cada uma, bem confortável com todo o clima
circundante. E, principalmente, pedira um jarro carregado de água fresquinha
para levar, pois de anos anteriores ela bem sabia o famoso problema que os
jarros da cantina tinham devido às partidas de algum jovem pouco higiénico.
Sua esperança
caiu por terra em pouco tempo… Pois a mais velha passou por ela e por aquela
mesa vaga, sem lhe olhar nos olhos, e juntou-se a um grupo de amigas que comiam
a umas cinco ou seis mesas de distância da sua.
Juntou-se a
suas amiguinhas, e não a ela. E magoava o facto que todos pareciam prestar-lhe
a devida atenção. Todos a elogiavam.
– Aquela é
muito esperta… – ouviu a voz repentina
de uma funcionária, ali perto, que conversava com uma outra adulta.
Esperta…
Mais uma
palavra que lhe doía nos ouvidos.
E a mais nova
ficou cabisbaixa, outra vez, envolta nos pensamentos enquanto tocava com o
garfo nos restos de comida do prato.
Ela não tinha
culpa de ser assim.
Mas o mundo ao
seu redor fazia os outros ganharem um ar muito superior a ela.
E quando
alguém mais terminou de comer, a jovem esperou…
Esperou… E
esperou…
Toda
atenciosa, ver o que essa criança faria com a sua bandeja, para onde ela
seguiria, para o conseguir fazer também logo a seguir, e sair dali o quanto
antes. Pois mais uma vez, não sabia para onde se virar, já que nada daquilo era
simples que nem o virar de uma página de um pacato livro.
Passaria o
resto do intervalo do almoço sozinha, sem brincar, sentada na escadaria do
costume daquela manhã, até a hora da aula.
A pequena
maquete da Grande Cratera de Paldea fascinava olhares curiosos das crianças, que
desde bem novos eram ensinados em não pisar nem penetrar naquela área tão
perigosa da região Paldea.
Uma pequena
reação química deixara a Cratera realista, pois o fumo subiu até o teto da
sala, simulando as nuvens que de lá constantemente saiam, que nem um vulcão em
erupção.
Mas não era a
maquete a única surpresa que o grupo teria na sua primeira aula de ciências.
De facto, a
sala estava carregada de surpresas, como o ambiente era novo no observar
daqueles pequenos exploradores. Desde as pedras, ossos, plantas, posters
coloridos expostos nas prateleiras, transmitindo uma curiosidade irreal.
A menina não
se chegou perto dos outros, aguardando pacientemente o que aí vinha em seu
lugar, enquanto todos eram inundados por gritos histéricos quando avistaram o professor
soltar uma pequena criatura de uma esfera bicolor para cima da bancada.
A ave de penas
roxas e brancas era caracterizada por uma pena encarnada em sua testa. Parecia
um Pokémon inocente, e esticou as asas, se exibindo, para receber as crianças.
– Meninos,
este Rufflet nasceu na parte superficial da Grande Cratera. Mas não pensem que
todos os Pokémon da Cratera são pequenos e inofensivos como ele. A maioria é grande
e perigosa. Este Rufflet foi um dos poucos Pokémon que a mais recente equipa de
exploradores conseguiu fazer amizade na sua ultima missão. – explicou o
professor. – Digam Olá! E podem tocar nele… Estão a ver, como as penas são
macias?...
A criança
solitária arregalou os olhos com a oportunidade. Ela sempre amou mais Pokémon
que pessoas.
Mas deixou-se
estar para trás, enquanto todos os braços se esticavam para acariciar a pequena
ave, em todas as direções possíveis.
Acontece que
ela também queria muito o fazer, e então navegou atrás dos colegas, caçando
algum buraco entre eles. Mas não tinha nenhuma oportunidade à vista.
Quando ela
tentou penetrar entre os corpos, empurraram-na para fora, não a deixando.
– Eu estou
aqui, não vês? Não empurres! Vai para outro lado! – um deles lhe disse, brusco,
apesar dela nem lhe ter empurrado, apenas feito a força necessária para tentar
alcançar aquilo que também era de seu direito.
– Calma,
meninos. – disse o professor, vendo a confusão enquanto segurava o Rufflet,
para este não se assustar com a enorme onda de mãos irrequietas que o agarravam
e inundavam de mimos. – Todos vão ter a oportunidade de tocar nele.
Mas ela não
devia estar incluída nesses todos.
Ela não
existia para os colegas.
Mas… Por fim,
lá conseguiu dar a volta e no outro lado da mesa achar uma brecha entre a onda
de crianças.
Infelizmente, não
foi das melhores, pois era a brecha descartada por todos, por ficar mesmo em
frente à região traseira do animal.
O Pokémon
estava visualmente limpo, com as penas bem emplumadas, mas era claro que ela
sentiu desconforto, pois o cheiro da área que sua mão alcançou não era o
melhor.
E quando a
onda de mãos e caricias parou, não teve outra oportunidade de tocar nas penas
do pequeno Rufflet, pois o mesmo fora retornado para o interior da sua
Pokéball.
Cerca
de doze anos atrás, no final do dia, as duas crianças aguardavam ansiosamente o
retorno dos pais.
Uma delas
estava mais entusiasmada do que a outra, não querendo ir embora. Já a outra, muito
quieta, só se queria ver livre daquele local e nunca mais ali voltar.
Infelizmente,
iria levar com aquele estabelecimento uma boa porção dos seus dias.
E muitos mais
dias desagradáveis iguais àquele viriam.
A funcionária
se certificava que as duas não saiam do local e não se afastariam. O olhar
pesado desta fissurava apenas uma das crianças, a mais nova delas, no caso.
Crianças são sempre mais sensíveis às energias do que os adultos, logo, pode-se dizer que toda aquela pressão não lhe estava a fazer muito bem, reunindo ao cansaço do primeiro dia e a todos os eventos antecedentes.
Não podia
realizar movimento algum, nem o mínimo que fosse, que as pessoas ao redor logo
a julgavam, como se ela estivesse prestes a cometer algum crime grave.
A
menina não conversava com a outra, e esta, por sua vez, parecia ter mais
regalias, como uma maior liberdade em mexer as pernas sentada lá no banco, como
se estivesse sustentada num baloiço, ou agarrar numa pedra do chão que tivesse
um formato curioso.
Se fosse a
mais nova a o fazer, já levaria um sermão por isso.
– Posso ir à
casa de banho? – A mais velha questionou, recebendo a aprovação da outra.
E assim foi o
que aconteceu, a mais velha desaparecera, e demorou tanto tempo para onde fora
que mais pareceu ter-se ido embora para casa e deixado a companheira mais nova
ali, sem seu amparo, sem a sua única mão ‘’amiga’’.
A mais nova,
viu-se sozinha, e perdida de novo, sem nenhum guia, sem nenhuma instrução.
Solidão foi a
sua primeira e real amiga.
Enquanto isso,
a funcionária suspirou, impaciente, fixando o portão frontal da escola.
Ao longe, no final
de uns trinta minutos, avistou a outra criança ao lado de vários adultos, no
aguardo da mais nova.
E então,
virou-se para a menina.
– O que estás
aqui a fazer ainda? Não vês que os teus pais já estão ali?! – resmungou. –
Agora vai para casa, e reflete sobre os teus erros de hoje.
A menina
pequena, que ainda não os tinha avistado, e muito menos conseguiu os distinguir
fora do portão na estrada principal, apressou-se então a sair do
estabelecimento.
Os pais a
receberam com um sorriso, mas também a repreenderam pela demora, mesmo que a
criança não tivesse culpa disso, não teve jeito algum de se defender das
queixas que recebera sobre aquele primeiro dia.
E assim,
aprendera a primeira lição de sua vida naquela escola simplória: No início do
dia, apesar de todos a terem menosprezado, no final do dia, a verdadeira culpa
era sempre a sua.
Anos
depois daquele inicio conturbado, uma jovem portava um enorme casaco cumprido.
Um grande e
pesado casaco.
Como quem
escondia algo.
Como quem
tinha vergonha de si e do seu corpo.
Por ter sido
humilhada, jurou que, mal saísse por aqueles portões uma última vez na sua
vida, não iria voltar ali.
Não botaria os
pés ali assim tão cedo.
Todas as
crianças e pessoas que por ali conhecera eram tão perversas…
E não desejaria
encarar outra vez aquelas quatro frias paredes e suas gentes mesquinhas, pois
pode-se dizer que ela nunca conseguiu se adaptar a sério ao ambiente, apesar de
todos os anos passados ali.
Espalhadas por
todo o pátio principal, as pessoas se concentravam à sua volta, que nem grandes
espectadores apreciando um espectáculo ao ar livre.
Mas ela não se
importava se essa gente existia ou não, nem seus olhares de reprovação.
Durante muito
tempo, ela não existiu para eles, não precisava da atenção de cada um agora.
Não precisava que lamentasse a sua saída.
Era hora de
retribuir na mesma moeda.
E então
esticou as costas, mantendo o ritmo de cada uma das suas passadas bem firme no
chão de concreto. Agarrou na mochila com força, e respirou fundo, com os olhos
fixos na paisagem que estava mesmo em frente.
Pois ir sempre
em frente é que era o caminho.
Ir em frente
até todo aquele universo desaparecer, sempre com a cabeça bem erguida.
Mas se hoje em
dia lhe perguntarem, onde ela arranjou coragem suficiente para tal posição de
força e superação em frente a tal multidão, ela não saberá o dizer.
Fora algo momentâneo…
Algo que
apenas na altura se consegue sentir e viver…
O sol batia
nas águas que que marcavam todo o horizonte em Cabo Poco, fazendo-as cintilar
como prata, e várias embarcações pesqueiras aproveitavam o clima calmo e
abundante que as ondas proporcionavam.
A jovem
analisou o mar durante a sua travessia, como sempre fazia quando saia daquela
escola maldita e se encontrava longe dela o suficiente. Talvez seria a última
vez que passaria por aquela mesma estrada do promontório. A maresia que
refrescava o pensamento, e acalmava o calor abrasador que o casaco pesado lhe
dava, talvez seria a sua única boa recordação daquela rotina que estava a
abandonar.
Parou uns
instantes, e ficou olhando para a praia mais abaixo do promontório, esperando
disfarçadamente algumas pessoas passarem por ela, já que estas vinham na sua
direção contrária.
Encolheu os
ombros e espreitou-as de lado, até estas desaparecerem de vista, para só assim voltar
à sua caminhada, sempre pela mesma rota que estabelecera anos atrás, sem
desviar um único passo mais para a esquerda, ou sem desviar um único passo mais
para a direita, sem mudar de faixa no caminho.
Quando
precisava de atravessar a estrada, o faria sempre nos mesmos locais, próximos a
uma rocha ou muro específico. Uma mania vista como estranha, mas para ela,
confortável.
Quando saiu da
escola, saiu com uma pose de superação.
Uma pose falsa
de superação. Um falso triunfo.
E em pouco
tempo, quanto mais longe da escola caminhava, e quanto mais perto de casa
ficava, deixou-se desabar, após sentir a ficha cair.
Existia uma
verdade inegável naquelas lágrimas: ainda se tem um longo caminho a trilhar.
Afinal…
Qual era o seu
problema?...
Porque todos a
tratam daquela maneira? Porque ela não consegue aprender mais rápido ou
manusear o seu próprio mapa com mais precisão? Porque ela se sentia sempre
inferior a todo o mundo?
Iria precisar
de muitos anos para aprender a lidar com aquela pressão.
Aprender a
lidar com a falta de orientação e confusão sempre que enfrentasse novos locais
e pessoas.
E começar a
aprender a trilhar seus próprios caminhos sozinha com mais confiança,
descobrindo que aquela sensação de culpa não era exatamente culpa sua.
E isto não é
um processo que vai da noite para o dia.
Apesar de, por
vezes, ser necessário uma mão amiga, ou ouvir as palavras que carregam o
incentivo certo… Pouco a pouco, lá a nova marinheira aprende a manobrar o leme,
guiando o barco no mar bravio das suas emoções.