Posted by : Shiny Reshiram 22 de nov. de 2023


    Deixem-me contar-vos uma pequena história que aconteceu no final de Agosto deste ano, e foi um pequeno acontecimento que me fez refletir um pouco e inspirou-me nesta minha jornada.


    Uma colega lá do meu local de trabalho foi deitar o lixo fora, e quando voltou trazia consigo uma mão cheia de livros antigos que achou no papelão. Eram daqueles livrinhos de romance pequenos de páginas muito amareladas e capas desgastadas pelo tempo, mas contavam com um charme único. O pessoal escolheu os que quiseram e levaram alguns, mas eu fiquei com a maioria dos exemplares, pois mais ninguém os quis e eles sabem bem que eu gosto de ler e de escrever.


    Eu vivo num mundo pequeno, e acontece que acabámos por descobrir, por um completo acaso, a dona original dos livrinhos, graças aos nomes assinados em algumas páginas e no interior das capas.


    No inicio de 2022, uma vizinha minha faleceu. Era uma idosa que vivia sozinha, não tinha filhos e o marido faleceu á muito tempo. Acreditamos que a casa deve ter ficado para a única sobrinha que ela tem, só que eles não vivem cá e só vem visitar de tempos a tempos.


    Naquela semana ela esteve cá. Nós vimos pessoas, carro e luzes na casa que durante meses a fio fora apenas uma simples casca vazia. A sobrinha deve ter andado a fazer arrumação e limpezas na casa e deitado os livros fora porque não viu neles algum propósito. (Ou então doou á Biblioteca local e eles não quiseram mais destes exemplares, porque o papelão onde eles foram achados fica mesmo perto da Biblioteca).


    Como eu sei que eram dessa idosa? Porque quase todos os livros tinham assinados o nome dela e da irmã dela (que era quem lhe costumava mandar e oferecer muitos livros).


    Minha mãe conversava com essa idosa de vez em quanto por telefone, apesar de algumas desavenças que não importam muito (tanto que ficaram anos sem se falar). Digamos de passagem que chegaram a ser amigas de longa data e ela ás vezes nos pedia uns favores tal como boleia ou compra de medicamentos na farmácia.

    Mas o que realmente importa saber aqui é que ela tinha 80 e tal anos, e minha mãe disse que ela tinha muitos livros e dizia que amava ler romances. Como vivia sozinha e não saia de casa, passava os dias inteiros a ver televisão ou a ler, e dizia sempre que lia algum livro antes de adormecer, todas as noites, todos os dias.

    Fiquei impressionada pela maneira como os exemplares que obtive encontravam-se bem gastos pela idade, alguns contavam com datas que iam até 1960, a altura que ela comprou os livros! Ela devia ter 20 ou 30 e tal anos na época, logo os guardou a vida inteira praticamente.

    Me questiono quantas vezes aqueles livros foram a sua única companhia. Quantas e quantas vezes ela os leu e releu e viajou com eles e suas personagens naquelas páginas amareladas.

    E agora a dona original deles se foi, os livros cumpriram seu papel, pararam no lixo contentor da reciclagem, e por coincidência do destino, alguns deles vieram para as minhas mãos, e cabe a mim dar-lhes uma nova utilidade. Uma vida nova aos poucos ''guerreiros que ficaram para contar a sua história.''

    Acho impressionante como os livros e históricas conseguem ser tão imortalizáveis, é por isso que eu não gosto  da forma como as editoras parecem tratar os livros como ''produtos de luxo'', mas é assim que funciona no mundo onde vivemos, e é melhor deixar essa opinião controversa para outra altura...

    Esta pequena história é um dos motivos que me lembra da crença de que as histórias são lidas pelas pessoas certas na altura certa. São cada vez mais os livros acumulados na estante, ou nos sites online, mas vai chegar o dia que alguém os encontre e aprecie com o amor verdadeiro que eles realmente merecem.

    Como escritores, muitas vezes ficamos tristes e desmotivados por não termos leitores logo de cara (afinal, vivemos num mundo de consumismo onde tudo tem que ser instantâneo), mas a realidade é que eles só podem chegar, não amanhã, mas daqui a 50 anos.

    Vai demorar, mas talvez, algum dia alguma alma perdida (ou não) vai encontrar nossas personagens. Algum dia nossas mensagens vão chegar até alguém e esse alguém vai aprender e ser ajudado(a) ou inspirado(a) de alguma forma graças a nós.

    Talvez nossas histórias tenham as palavras certas que alguém algures no mundo inteiro precise mesmo de ouvir... Mas isso só acontecerá na altura certa. Me questiono quantas pessoas ainda irão ler este textão de aniversário. 

    Talvez algum jovem hoje seja um idoso solitário e doente no futuro que terá nossas histórias como única companhia até o fim dos seus dias. Enquanto que hoje, em pleno 2023, serei uma leitora nova para aqueles livros dos anos 60 encontrados no papelão. (Não sou fã de romance, mas eu sempre quis ter uma prateleira com livros antigos deste estilo).

    Muitas pessoas maldosas sempre me diziam: para de viver no mundo da imaginação e encara a realidade. Acontece que eu nunca consegui fazer isso, pela infelicidade deles. E porquê é que eu nunca o consegui fazer? Porque eu sempre precisei disso, porque o mundo da imaginação faz parte de mim.


    As histórias e os livros não me distraíram da realidade e muito menos me deixaram uma grande ignorante do mundo, como muitos pensaram. Muito pelo contrário, foi as mensagens que essas personagens carregavam que me deram força e que me ajudaram a encarar o mundo real e a superar todos os meus problemas pessoais, como se fossem um remédio milagroso nos meus momentos de necessidade.


    Quando algo corria mal, eu tinha sempre o meu pequeno refugio no meu mundinho acolhedor e distante, e ainda o tenho, algo que me ajudava e ajuda sempre. Os momentos mais engraçados de felicidade e comédia me ajudam a rir quando eu mais acredito que não conseguiria voltar a o fazer. Os momentos mais tristes me fazem chorar lágrimas que eu tinha aqui dentro á muito tempo guardadas e que precisavam urgentemente de sair. As frases me impactam com suas palavras que eu precisava de ouvir. Consumi as lições e aprendi a formar melhor minhas próprias opiniões sobre certos assuntos, uns mais complexos que outros, graças ás personagens e suas histórias.


    Este é o verdadeiro poder das histórias e das personagens fictícias. Eles estão lá dispostos para as situações em que mais precisamos, e não interessa qual a sua idade ou género, ou até mesmo época. Viajar para outras terras e outros reinos é uma magia que realmente existe, e eu nunca quero largar essa mão que sempre me acode.


    E eu espero que os meus trabalhos cheguem até o encontro de alguém algum dia e cumprem o papel ao qual eles foram destinados.


    E, apesar do Blog só ter sido aberto ao publico em Janeiro, hoje, dia 22 de Novembro de 2023 (na verdade foi dia 21, mas agora passa a ser dia 22 foda-se), faz UM ANO que eu assumi Aventuras em Paldea oficialmente! E que tal saber-mos um pouco das minhas motivações para ter voltado ao mundo das Fanfics?


    Acho que já expliquei isso algures por aqui, mas vale sempre a pena voltar a anotar e a recapitular alguns pontos, pois sempre que voltamos a escrever sobre algo, nos lembra-mos aqui e ali de algum detalhe menor que é sempre bom a acrescentar. Além disso, deve existir muito leitor desatento. Então, como era o meu objetivo desde o inicio, vamos voltar a nossas bases!





Promessas são promessas, não é?
10 Capítulos foram publicados antes de Dezembro.

    Vozes em Branco foi o meu primeiro trabalho que deu origem a Aventuras em Paldea. Começou por ser uma simples brincadeira que comecei a fazer em Maio de 2022. Meu objetivo era escrever uma Oneshot inspirada pelo próximo shiny que eu encontrasse no jogo Legends Arceus, e esse shiny acabou sendo um Haunter fêmea.


    Segui o fluxo do hype do jogo da nova geração e tentai ambientar em Paldea, numa altura que eu não sabia praticamente nada da região nem das personagens, baseando-me apenas no pouco que eu sabia de trailers do jogo e spoilers de leaks e rumores, desafiando assim a minha criatividade, tentando alcançar outro nível.


    Durante semanas o trabalho estava inacabado, perdido algures no meu computador, mas eventualmente finalizei esse Oneshot numa única noite em Outubro de 2022,  mais precisamente no dia 7 de Outubro, quando me deu um surto bizarro ao descobrir que alguém estava interessado na vaga de Aventuras em Paldea. Acho que fiquei ciumenta ou algo do tipo e fui na base do ódio kkkkk, digamos que algo em mim disse-me para também concorrer pela vaga.


    Acho que ninguém esperava que algum autor novo fosse querer assumir uma região nova na Aliança, além disso, eu já não sentia mais nada por Aventuras em Ransei. Depois de muito tempo a pensar em como dizer ao pessoal que eu queria deixar Ransei, anunciei a minha saída oficialmente, e eu não imaginava que esta fosse apenas temporária, pois eu voltaria ás fanfic, em outra região e outro blog.


  Sabia que estava uma grande merda, mas acabei por enviar o Oneshot para o pessoal mesmo assim, e depois do trabalho vergonhoso que eu fiz com Aventuras em Ransei, eles deram-me uma segunda oportunidade.


    Eu sempre acreditei que era muito cedo para o dizer, mas agora que passou UM ANO, acho que posso desanuviar melhor: eu sempre senti que Paldea era especial de alguma maneira, desde o inicio. O jogo, a região, as personagens... Tudo um pouco carregava algo que lembrava um mesclar de tudo o que eu gosto no entretenimento e nas histórias, e isso contribuiu em muito para eu me sentir parte de Scarlet e Violet.


    Acho que, no fundo, estávamos destinados. Ou será que de momento ainda é exagerado dizer isso? kkkk


    Eu andava estagnada a escrever um original chamado As Roseiras do Abismo, não avançava em nada e eu não parava de recomeçar do zero tudo o que eu tinha criado até então. Sempre dizem que o melhor para a produtividade era voltar as nossas bases, rever as nossas origens. Decidi dar uma pausa nesse projeto demasiado ambicioso em corrente data e voltar às minhas origens como escritora e abraçar denovo as fanfics, para praticar melhor a minha confiança e aprender a escrever uma história primeiro. Escrever ARDA era literalmente querer ir para uma guerra sem armas.


    Afinal, eu me apaixonei por histórias ficticias e escrita graças a fanfics. Durante anos foram os blogs e as fanfics que me acolheram e me confortaram. Voltava para casa, depois de um longo dia cansativo de escola aturando merdas, depois mais merdas em casa, e esses cantinhos especiais eram o meu refugio.


    E vou admitir, eu sentia tanta falta disto.


    Amo fanficar, pegar em coisas que não são minhas e imaginar tantas possibilidades para suas personagens e universos além daquilo que é canónico. Explorar outros contextos e expandir novas realidades é um processo criativo de extremos, mas pode entregar resultados muito interessantes dentro daquilo que gostamos.


    Sinto que com fanfics eu tenho uma liberdade maior que não tenho quando escrevo originais, pois os originais parecem carregar tantas exigências, tais como número de páginas e descrições exageradas, e eu não sinto essa mesma pressão com as fanfics. As fanfics são muito mais libertadoras, e como uma pessoa já tem em mãos uma base e personagens, todo o processo parece simplificado.


    Eu só queria aprender a escrever originais com o mesmo tipo de segurança que eu sinto com a escrita de fanfics. E talvez seja esse um dos motivos principais para eu estar aqui hoje, porque estou aqui para praticar escrita e construção de histórias, e aprender a lidar com a forma como o mundo de escrita é tão solitário.


    Ás vezes desmotiva demais ver o quanto as pessoas desvalorizam as fanfics só porque o universo original não é nosso, mas vale lembrar que fanfics tem altos e baixos como qualquer outro tipo de género literário. Tenho impressão que poucos levam a escrita de fanfics como algo a sério. Mas, por outro lado, devemos nos recordar que qualquer tipo de entretenimento é algo extremamente válido, e é muito satisfatório construir algo novo a partir de uma base.


    Como também é um pouco irónico pensar... ''voltei a estudar'', mas desta vez, na a Academia Naranja e Uva ao lado das minhas personagens. Nunca pensei que trabalhar com o ambiente escolar fosse tão terapeuta e desse para desanuviar tantas das minhas frustrações. Escola é um ambiente que eu nunca gostei, como sofri bullying e etc, e trabalhar com o cenário é um desafio que tenho em mãos.


    Digamos que eu sai da escola com muita coisa cravada na garganta, que eu não tive oportunidade de soltar. Muito pelo contrário, estar longe da escola fez-me pensar a fundo em muitos assuntos que já não valem a pena, mas que aumentaram ainda mais as minhas frustrações pois me apercebi de certas realidades.


    Enquanto comecei a trabalhar e entrei na vida ''adulta'', sempre a refletir nos anos que gastei naquela escola, apercebi-me das reais intenções de certas palavras que ouvi, de falsidades, ensinamentos de professores, e falsos amigos, entre outras  questões caricatas, que me fizeram sentir-me uma pessoa ainda mais horrível do que aquilo que eu sentia antes face às mudanças ao meu redor.


    Pouco a pouco espero superar mais estes pensamentos, e Paldea está a me ajudar imenso. Denovo, as personagens me abraçaram quando eu mais precisava. As pessoas nunca acreditaram que eu seria capaz de algo ou de alguma coisa, ainda não acreditam, então, estou aqui para aprender a mudar isso. Vou usar a experiencia que ganharei a escrever esta fanfic para criar, num futuro, a minha obra de sonhos, sem me importar se alcanço ou não um futuro glorioso, vai valer a pena, por mim e pelas minhas personagens, passar tudo isso, todos esses anos de imaginação, a papel.


    Só neste ano, é incrível a quantidade de matéria que eu já alcancei e eu já aprendi com Paldea. Posso dizer que dar uma pausa no meu projeto original foi uma das melhores coisas que eu decidi fazer, e eu sinto que quando voltar a ele, tudo será melhor, tudo será diferente, já que eu terei mais experiencia com a construção de mundos e narrativas e já aprendi a largar os incómodos que me travavam tanto na criatividade.


    Já abandonei muitas fanfics no passado, MASS Aventuras em Paldea será diferente! Está a ser diferente, MUITO DIFERENTE, e eu sinto isso. Pretendo levar isto até o final, independentemente dos seus defeitos, pois esta experiencia está a ser incrível.


    Lembro-me de ler em algum lugar que para sermos artistas tínhamos que pensar um pouco fora da caixa com o nosso Eu de criança, e isso foi em parte algo que me fez querer recuar e recomeçar com algo novo em algum lugar.


    Comecei a escrever e descobri minha paixão por escrita e histórias graças a fanfic, e agora, reencontrei essa paixão outra vez, graças a uma fanfic.


    Irei abraçar minhas origens um bom tempo e ver o quanto elas serão benéficas para mim. E hoje estamos aqui com Aventuras em Paldea, que eu pretendo levar até o fim, e levar muito puxão de orelha se algum dia eu não o quiser fazer.


    Talvez, um dia, Aventuras em Paldea tenha as palavras e mensagens certas que, tanto eu própria como alguém por ai, precisem de ouvir.





Que venham muitos mais anos!


    Obrigado a Pokémon por sempre me deixar feliz e entregar-me (ou emprestar-me) estas personagens que me fizeram tanto sorrir. Agradeço imenso ás minhas próprias personagens, por viverem em mim e me ensinarem a viver o que é a vida com elas e ao lado delas. Elas estão sempre lá quando eu mais preciso e são elas que me aparam quando mais ninguém me estica a mão. Quando eu desaparecer deste mundo, espero que vocês ainda sobrevivam e se mantenham imortais por muito mais tempo, a auxiliarem por ai mais alguém com as vossas aventuras e desventuras atemporais.


    Também dou um grande obrigado a todos os membros da Aliança Aventuras por esta segunda oportunidade, pois escrever na Aliança era um sonho de infância que se concretizou por uma segunda vez!


    Mas agradecimentos ainda maiores a vocês, leitores. Não interessa se forem um grupo de jovens sonhadores a ler esta publicação em pleno 2023 ou algum idoso triste e solitário procurando conforto que encontre o blog daqui a 80 anos. Só espero ter concluído a fanfic até lá.


    É graças a todos vocês que viver esta história  torna-se possível!


Agora, respirem calmamente e escutem o silencio. Pois é nesse silencio e solidão, que a Juliana vem sempre até mim. Talvez esta seja uma das formas de vocês também se encontrarem pessoalmente com ela. Pode parecer doido para muitos, mas se isso acontecer, eu peço-vos por favor, oiçam atentamente  a música que ela tem para vos cantar. É uma experiencia muito intima e especial.


Nunca desperdicem este tipo de Tesouro.




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