- Back to Home »
- Capítulos »
- Capítulo 7 – Juliana VS. Nemona. Uma Primeira Batalha.
Noite.
As estrelas
cintilavam em todo o céu, mas era a luz do glorioso farol que cortava a
paisagem de Cabo Poco como um gigantesco holofote. Os técnicos fizeram um ótimo
trabalho em manter o farol funcional durante pelo menos aquela noite, antes de
procederem a uma manutenção mais minuciosa.
O movimento do
raio de luz conseguia ser hipnotizante.
Juliana nunca
antes se tinha apercebido como aquela parte mais abaixo de Cabo Poco ficava
mesmo ao lado da baía funda com a entrada para Inlet Grotto, e era tão próxima da falésia onde o farol se
localizava. Como a enormíssima mansão era um espaço privado, foram raras as ocasiões
que caminhara naquelas estradas de calçada, pois não tinha objetivo algum em
invadir um espaço que pertencia a uma das famílias mais ricas de Paldea. A
textura das pedras até parecia mais suave em comparação à das demais estradas
de Cabo Poco.
A dupla parou
em frente aos enormes portões escuros da mansão. Haruka tocou na campainha que
existia num dos lados dos muros que sustentavam aquelas grades, enquanto
Juliana quase enfiava a cabeça entre as barras para se certificar se o pátio
estava mesmo, ou não, vazio – com muita sorte, não ficara com a cabeça presa
nelas.
O toque da
campainha dos portões soou baixinho, como um badalar de um sino.
– Não te
esqueças de usar o ambiente ao teu redor! Tenta ser criativa e tem confiança
com os teus Pokémon. Às vezes, uma simples pedra no meio do campo de batalha
pode ser um trunfo que te auxilie na vitória. – Haruka explicava para Juliana,
depois de tocar uma segunda vez na campainha, enquanto aguardavam serem
recebidas por alguém.
A rapariga
acenou, encarando as suas três esferas bicolor em mãos. Rosa, Tolya e Tamar
estavam prontos, e repousavam no interior de suas Pokéball, só no aguardo do
momento.
– Tens bateria
o suficiente no Rotom Phone? Instalaste a Pokédex e todas as suas aplicações
que eu sugeri?
– Sim, mãe.
Está tudo pronto. – Juliana disse, olhando o seu objeto flutuante uma última
vez antes da hora, para confirmar.
– Já deves ter
consultado também a Moveset da Rosa,
Tolya e Tamar. A Rosa e a Tolya já tem também aqueles objetos que eu te dei. Tenta
não te esquecer das habilidades deles! Mas lembra-te, ainda és nova nisto, não
tenhas medo de errar de primeira, e é normal se já não te recordares de tudo o
que eu te expliquei estas últimas horas. Tenta manter a calma acima de tudo.
– Mãe… Pareces
saber tanta coisa! – Juliana mostrou um certo nível de fascínio por todo o
aprendizado que ela lhe deu em todo aquele escasso período de tempo.
– É só umas
noções básicas. Sabes que, quando eu cheguei nas finais da Liga Pokémon de
Paldea… – Haruka começou a contar, mas não terminou.
– TU
PARTICIPAS-TE NA LIGA?!
Ambas foram
interrompidas de súbito pelo ranger dos portões a se abrirem automaticamente.
Entre as luzes do pátio bem iluminado que pareceram mais claras com o portão
aberto, uma mulher que Juliana nunca vira antes apareceu para as saudar.
– Good evening… – começou ela, de forma
agradável, num sotaque Galariano, que fez Juliana torcer o nariz. A jovem sabia
Português e Espanhol, mas não entendia nada de Inglês. Mas graças a Arceus, a
mulher mudara sua língua para o bom e velho Espanhol no instante seguinte. – ¿Son los invitados de la Sra. Nemona?
Haruka foi a
primeira a falar.
– A Nemona
convidou a minha filha para uma batalha, eu só venho de acompanhante. Espero
que não seja incomodo.
– Não, não!
Estejam as duas à vontade! – a empregada disse, com um bloco de notas em mãos
para confirmar os nomes.
Juliana tentou
espreitar, e ficou assustada com o facto de que a mulher tinha o cuidado em
marcar todas as entradas e saídas de quem passava pelos portões, além dos
encontros e reuniões marcadas com os grandes senhores da casa. Nesse mesmo
momento, também se apercebeu da pressão de milhares de câmaras de segurança
apontadas na sua direção. A mulher tentou esconder o bloco de notas do olhar de
Juliana, ao ver que esta ficara fissurada nele e em toda aquela riqueza.
– Sendo assim,
é por aqui! Ela já está aguardando na praia. Please, follow me.
Tanto Cabo
Poco como Los Platos eram uma área de Paldea que contava com uma influência
Galariana bem particular, pois parte da Província Meridional de Paldea já fora
território de Galar no passado. Muitos habitantes do Sul tomavam o Inglês como
língua. Inlet Grotto, a famosa rede
de grutas infestadas de cães do litoral, era um nome com influência Galariana,
que, traduzido, significava algo semelhante a Grutas da Praia ou Calheta da
Baía no Português.
Apesar da
presença constante da língua pelas ruas, Juliana não entendia nada, mesmo
vivendo ali toda a sua vida, e, por isso, se não fosse a sua mãe a entender um
pouco do assunto, não se tinha apercebido que era para ambas seguirem a
empregada.
Ela conduziu
as duas entre os canteiros e arbustos coloridos e bem aprumados, que reluziam
de inúmeras cores fabulosas ao luar. Era difícil esconder o fascínio pela
beleza do jardim exterior da mansão, e se a mansão era aquele luxo todo por
fora, difícil de imaginar como seria por dentro.
Mas, por muito
que ficassem com esse desejo de visita guiada, não entraram no enormíssimo
edifício, pois a mulher conduziu logo ambas até uma escadaria de pedra entre
paredes de rocha saliente mais abaixo no pátio, e, portanto, o vislumbre durara
pouco.
O som das
ondas e o aroma da maresia entre aquelas paredes eram um elemento intenso mal
começaram a descer as escadas, escadas estas que cortavam as paredes do
promontório que sustentavam a mansão e levavam-nas até a praia privada. Vários
Pokémon escondiam-se entre as rochas à medida que as humanas as atravessavam.
Um Wattrel
passou atrás delas num voo baixo, mas quando Juliana virou-se para trás, não
conseguira observar o vulto nem ver se era ou não mesmo um pequeno Pokémon Pardela.
Encolheu os ombros como reação ao nervosismo, sentindo logo depois o toque da
mãe.
– Dá o teu melhor,
okay?
– De que serve dar se eu vou perder na mesma?... – murmurou ela.
A empregada achou
o diálogo entre mãe e filha bem peculiar, talvez, pressentira que o mesmo tinha
mais alguma coisa por trás, e não era apenas uma preocupação comum de algum desafio
normal. Acabou por interferir.
– Já vi Miss
Nemona em muitas Pokémon battles. Ela
ganha sempre, mas é a preocupação dos desafiantes dela em não perder que faz
com que ela ganhe, always.
Juliana olhou
para a mulher desconhecida, que tinha um sorriso gravado na face, bem marcado
graças ao luar.
– Eu não
entendi lá muito bem, a senhora pode explicar melhor, por favor?
– As vezes
queremos ser tão bons numa coisa que nos dedicamos tanto nela, mas ficamos
cegos, e nos esquecemos de outros fundamentos que podem, ou não, estar
envolvidos.
– Então a
senhora está a querer dizer para eu continuar a acreditar que vou perder?
Ela começou a
rir, de uma forma um tanto enigmática.
– Mais ou
menos isso. Mas mais do que isto eu não posso dizer – e, mais abaixo daquele
trilho entre rochas, uma pequena parte de areia começou a ficar visível,
indicando estarem, finalmente, a chegar à praia. – A Nemona está no vosso
aguardo bem ao virar da esquina, é só seguirem em frente que a vão encontrar.
Agora se me darem licença, tenho que voltar aos meus aposentos.
E quando
começou a recuar na direção contrária daquela que seguiam originalmente, parou
perto de Juliana, lhe piscando o olho.
– Good luck.
– HEI! AQUI!
Mal pisaram a
areia fofa, que era tão fofa que quase parecia que nunca havia sido pisada por
ninguém antes, foram inundadas pela voz de chamamento da rapariga viciada em
batalhas.
Juliana
engoliu a seco, seguindo os passos da mãe, que logo se instalou na ponta de uma
espreguiçadeira que existia ao lado de um campo de batalha Pokémon, junto com
umas mesas e cadeiras de praia.
O campo era
enorme, fazendo a praia privada em si parecer menor do que aquilo que realmente
era. Várias palmeiras na orla do campo, durante o dia deviam entregar uma
sombra refrescante, mas agora, apenas a lua e a luz ocasional do farol as
inundavam como os poderosos holofotes de um estádio de batalha.
Nemona mal
podia conter sua ansiedade quando Juliana se posicionou do outro lado do campo.
Além da luva ortopédica típica, Nemona portava uma roupa de desafiante, como se
estivesse prestes a entrar num importantíssimo campeonato de Vólei de praia.
A rapariga recém
chegada tinha a mão no bolso das calças, e parecia bem incerta do que estava
para acontecer.
– Juju! Como
estás? – e depois desviou sua atenção para a mulher na espreguiçadeira, que lhe
cumprimentou. – Tua mãe veio apoiar a filha na batalha! Que fofaaaa!... Então.
Estás pronta para lutar contra mim?
No início,
Juliana encolheu os ombros, depois disse não com a cabeça, sem mover os lábios
sequer.
Pelo menos
estava a ser sincera.
– Oh! Então?
Com medo de mim?! Quero ver o que tu e teus crocodilos tem para dar! Vamos!
Será uma batalha de três contra três! – e sem mais demoras, Nemona retirou do
bolso uma esfera bicolor.
Naquele
preciso momento, a luz do farol passou pelo céu no seu movimento circular.
Juliana ficou ofuscada com a junção do brilho do farol e do raio que saíra da
Pokéball cintilante da oponente.
Em frente aos pés
de Nemona, surgiu uma pequena criaturinha que lembrava muito uma junção de um
cogumelo com uma pedra branca de calçada Paldeana. Juliana encarou o pequeno
Pokémon, cujo esquema de cores se enquadrava com o das rochas sedimentares.
Olhou para a
mãe, que, para a encorajar, apontou para o seu próprio Rotom Phone, e aí,
Juliana relembrou-se do que tinha que fazer. Tirou o seu telemóvel do bolso de
um modo um tanto desajeitado, quase o deixando cair no chão, e consultou
apressadamente a aplicação que sua mãe lhe dera.
A Pokédex não
demorou muito tempo a carregar, e, mal a aplicação fora iniciada, o aplicativo
reconhecera de imediato a pequena criatura à sua frente.
Nacli, o Pokémon Pedra de Sal. Tipo Rock.
Este Pokémon nasceu em uma camada de sal-gema nas profundezas da terra.
Antigamente, esta espécie de Pokémon era particularmente apreciada, pois
partilhavam o seu precioso sal. – disse uma voz robótica, saída do
dispositivo.
– Sei que és
uma treinadora iniciante ainda, por isso vou ser branda contigo – Nemona disse
num sorriso, um sorriso com um tom tão feliz que assustara Juliana ainda mais. –
Capturei este Nacli à uns dias atrás, ele ainda é inexperiente, mas achei que
devia usá-lo agora, para nós as duas crescermos juntas!
Juliana pensou
um pouco antes de agir. Foi com a mão a uma das cápsulas do seu bolso, soltando
uma gatinha esverdeada no meio do campo de batalha.
– Rosa, espero
que não estejas tanto nervosa como eu estou… – disse-lhe Juliana.
A Sprigatito
trazia consigo um pequeno colar com uma semente, preso ao pescoço, algo que
captara a atenção de Nemona.
– Um tipo Grass contra um tipo Rock. E ainda
portanto uma Miracle Seed para
aumentar seu poder? Parece que fizeste o trabalho de casa! – Nemona começou a
rir.
Rosa miou,
confiante, pronta para investir. Já Juliana fixou outra vez a sua progenitora e
o olhar atencioso que ela impunha no recinto.
– B… Bem… Eu
tinha que memorizar alguma coisa do básico… – murmurou.
– Então, vamos
começar! – exclamou a treinadora experiente, com um tom elevadíssimo.
Nemona era
alguém que vivia o momento das batalhas de uma maneira tão louca, única e
intensa, que mais ninguém conseguia se comparar ao alvoroço que ela sentia.
– Nacli! Usa Harden!
Uma placa
prateada envolveu o pequeno Pokémon Sal. Ao início não parecia nada demais, mas
Juliana sabia que aquele poder tinha o propósito de aumentar a Defesa do
Pokémon, como se a pele da criatura ficasse enrijecida, mais resistente a
golpes físicos.
Juliana
encolheu a mão no bolso das calças, como se aguentasse comentar qualquer coisa
a mais.
– Okay… Rosa…Usa…
Humm… Não sei, talvez o Tail Whip?
A pequena gata
acenou com um tom tímido, sem saber bem o porquê de tanta incerteza. Virou as
costas contra o Nacli, movendo sua cauda de um lado para o outro de uma forma
fofa, com o propósito de voltar a diminuir a defesa do adversário.
E funcionara,
pois o Nacli ficara encantado com o gesto tão sinuoso da Pokémon que deixou
aberta a sua retaguarda.
A batalha mal
começara e Juliana parecia descambar, sem clara confiança nas ordens que dava a
seu Pokémon. Apesar disso, Haruka arqueou a sobrancelha, pois conhecia a filha
suficiente para saber que parte daquele teatro não era real.
Porém, para
Nemona o era.
– Juju! Tem
calma! É só uma batalha amigável. Vamos só nos divertir! Porque estás tão
tensa?
– Não sei,
talvez porque o amor da minha vida está em jogo? – soltou ela, em voz baixa.
– Okay… Não
sei o que isso significa, mas vamos começar de novo. Nacli! Usa Harden!
– Tail Whip – Juliana voltou a dizer, sem
convicção.
Os dois
Pokémon realizaram os mesmos movimentos de antes, numa dança que aumentava e
descia a defesa do Nacli.
– Vamos mudar
um pouco, Tackle!
– Tail Whip.
A Sprigatito
era rápida, e, apesar de não ter recebido a ordem de Juliana para tal, tentou
fugir da investida do adversário, porém, não o conseguiu, sofrendo alguns danos
ao sentir o corpo duro do Pokémon contra o seu.
Depois de recompor
a pose e realizar o seu Tail Whip,
olhou para trás, fixando Juliana num mar de dúvidas.
A Pokémon não
queria continuar a usar Tail Whip
para sempre, e só não sentiu a pouca ligação que tinha com sua nova treinadora
fragmentar-se devagar pois logo a seguir entendeu o que estava ocorrendo.
O entusiasmo
de Nemona começou a se tornar uma preocupação devido ao tom depressivo de
Juliana, uma preocupação que não só a desestabilizava a ela, mas também ao
Nacli. Nemona não sabia que ordem dar, pois não queria usar seu real potencial de
campeã na batalha contra a novata, e, enquanto isso, a novata dava brechas que
podiam ser usadas em qualquer momento para botar seu Pokémon fora do combate,
apesar do tipo Grass ter vantagem contra o tipo Rock.
– Nacli! Usa Harden outra vez!
– Tail Whip.
A Sprigatito
voltou a mover a cauda docilmente. Nacli fortaleceu sua pele. A treinadora
ajeitou sua luva ortopédica, sentindo uma dor aguda nos dedos. Não podia forçar
Juliana a aproveitar mais o combate e dar ordens mais convincentes se ela não
estava com disposição para tal, portanto, continuou a descer seu nível.
– Nacli, usa Harden outra vez.
– Rosa, usa… Leafag… Quer dizer, Tail Whip.
A Sprigatito
não estava com disposição alguma de abanar o rabo uma quarta ou quinta vez, e
entendera o sinal de Juliana.
Eriçou a cauda
e ‘’desrespeitou’’ a ordem da sua treinadora.
A semente que
tinha ao pescoço começou a brilhar, à medida que o pelo do seu pescoço era
inundado por uma aura esverdeada. Uma onda de folhas atingiu o corpo de Nacli
através de um poderoso Leafage,
fortificado graças à Miracle Seed que
a mãe de Juliana lhe dera.
Apesar do Harden ter fortificado a sua defesa, nada
valia contra um golpe daquele calibre por causa do Miracle Seed, que levou efeito no Pokémon Sal de modo critico.
Nacli ficou
imediatamente fora do combate.
E, pela
primeira vez, em muito tempo, Nemona viu-se fraca.
Não fraca no
sentido de poder nos combates Pokémon.
Mas fraca no
sentido de fraqueza como pessoa.
Em situações
normais, o sentimento face àquela visão era recheado de entusiasmo, mas ela não
queria forçar ninguém a nada, e se Juliana não estava a se divertir, ela também
não.
Retornou o
Nacli ferido para o interior da sua Pokéball. O brilho do farol cortou mais uma
vez a paisagem e durante um tempo só se ouvia o som das ondas do mar em toda a
costa.
– Juju, se não
queres combater mais podemos ficar por aqui. Ganhaste.
Era uma
oportunidade perfeita para dar-se como vencedora.
Mas Juliana
sentia que devia manter-se filme.
Algo dentro de
si dizia que aquela batalha, para ser mesmo limpa, tinha de continuar.
– Não – foi
sua resposta.
Uma resposta mesmo direta, sem incertezas nem
rodeios, que fez Haruka arregalar os olhos. A mulher achara mesmo que a filha
aceitaria a condição para ganhar seu Cyclizar mais rápido.
Mas
enganara-se redondamente.
E os seus
enganos sobre as capacidades de Juliana só estavam agora mesmo a começar.
– Vamos continuar. Vou tentar ser mais
dedicada desta vez – a jovem continuou.
Nemona não
sabia ao certo sobre aquilo, mas sentiu a energia mudar um pouco no ambiente, o
que a fez sorrir.
Removeu do
bolso outra Pokéball, libertando um Pokémon marmota amarelo. Juliana já
conhecia o Pawmo de Nemona, por isso o dispensava de apresentações com o Rotom
Phone.
– Este Pawmo
foi o meu primeiro Pokémon. – Nemona murmurou. – Estás pronto, amigo?
A marmota
esfregou as patas na cara, fazendo com que várias faíscas elétricas fossem
soltas pela palma das suas mãos.
Juliana retornou
Rosa para a sua esfera bicolor, e o lugar que esta tomava foi ocupado por um
pequeno saco de areia. Tanto o Pawmo como Nemona encararam o saco curioso que
saíra da esfera da rapariga.
E, de dentro
dele, o olhar sério de uma pequena crocodilo de areia surgiu por entre os grãos
de terra que compunham o grande saco.
Tolya fixava
os olhos intensamente em Pawmo, com uma má disposição, analisando o oponente,
como quem não queria participar em batalha alguma. Pawmo sentiu um calafrio da
espinha, intimidado com a presença. Sandiles eram imunes a tipos Electric, portanto, Nemona sabia que não
devia usar golpes desse tipo nela.
– Pawmo! Tem
cuidado com os golpes do tipo Ground
dela, estão fortificados por causa do saco de Soft Sand. Usa Arm Thrust!
– Dig.
O Pawmo
procurou atacar a Sandile com a palma das suas duas grandes e rechonchudas
patas, mas a pequena crocodilo era mais rápida, e saltou para as profundezas do
interior do seu saco, que, por sua vez, amorteceu o golpe do Pawmo. Pouco tempo
depois, a Sandile investiu, saída do meio da areia cintilante. A marmota
desequilibrou-se com a investida, sentindo danos graves, mas continuou de pé.
– Agora usa Bite! – Nemona ordenou.
– Bite também. – disse Juliana. Pelo
menos, ela estava a tentar um pouco mais desta vez.
Os dois
Pokémon trocaram dentadas nos corpos um do outro. Enquanto o Pawmo segurava a
Sandile pela cauda, a Sandile segurava o Pawmo pelo braço.
– Aproveita
que estás próximo dela e usa Arm Thrust!
– exclamou a treinadora, mais motivada por ver que a outra procurava dar um
pouco mais do que tinha.
– Tolya. Scary Face.
O Pawmo
aproveitou que a crocodilo tinha os dentes fincados no seu braço para investir,
mas a Sandile fixava seus olhos contra os dele com uma maldade tamanha que,
outra vez, o pobre Pawmo sofreu um arrepio na espinha.
O Scary Face diminuiu o tempo de reação do
Pawmo, fazendo com que a Sandile escapasse do golpe do Pokémon marmota bem a
tempo.
– Usa Arm Thrust! Outra vez!
– Dig!
O Pawmo não
conseguiu atingir a Pokémon a tempo desta entrar num buraco no chão. A Sandile
saltou atrás do Pawmo, o atingido pelas costas.
O Pokémon
marmota olhou breves momentos para a treinadora, Nemona fez-lhe um sinal, e,
logo depois o Pawmo caiu no chão, inconsciente.
Juliana mordeu
os lábios.
Mas ela não
aguentava mais.
Virou-se
contra sua mãe, com um sorriso cheio de entusiasmo se rasgando na cara.
E então, falou
alto, tão alto como se já fosse a verdadeira vencedora daquele conflito
inteiro.
– Mãe! Estás
vendo isto?! A empregada dela tinha razão! A Nemona está perdendo de propósito
para me alegrar! Eu vou ganhar e conseguir que a minha querida Motoca fique comigo!
Seguiu-se
então um longo momento de silêncio constrangedor.
Pois tudo fora
estragado naquele momento.
Haruka
escondeu a cara com a mão, envergonhada.
Tolya
encolhera-se no interior do seu saco de areia, bem devagarinho.
No outro lado
do campo, a expressão facial de Nemona também mudara por completo.
– O QUÊ? Estiveste
a brincar este tempo todo, comigo? Juju?! E eu aqui preocupada contigo! – Nemona
exclamou, super ofendida com o que acabara de ouvir.
Juliana estava
em choque.
Mal podia
acreditar que tinha dito aquilo em voz
alta.
Mais uma vez o
seu problema em não conseguir manter o pensamento a estragar tudo. Tinha a
oportunidade para ganhar bem na palma das suas mãos, mas agora tinha que parar
de fingir e dar tudo de si, a sério, pois o plano de manter a tristeza fora por
água abaixo.
Claro que no
inicio estava mesmo ansiosa, com medo de perder, mas Juliana tentou manter uma
postura que refletisse um estado de espírito pior do que o seu verdadeiro
animo.
Nemona
retrocedeu o Pawmo e removeu uma nova Pokéball do bolso.
Agora o
verdadeiro combate ia começar.
O novo Pokémon
que saiu da esfera parecia uma luva de boxe rosa, com um pescoço alongado e umas
longas patas, adotando a imagem típica de um flamingo. Tinha cara de ser um
Pokémon bem mais forte que o Nacli e o próprio Pawmo.
Juliana
começou a suar frio enquanto fixava os olhos lacrimejados da amiga em sua
frente.
Sabia que
estava em apuros.
Nemona estava
tão séria que de certeza absoluta daria tudo de si.
Retirou a
Pokédex, só para confirmar que não estava sonhando em relação aos problemas que
teria com o oponente.
Flamigo. O Pokémon Sincronizar. Do tipo
Flying e Fighting. Este Pokémon amarra a base do seu pescoço num nó para que a
energia armazenada em sua barriga não passe pelo esófago e não seja perdida
através do bico. – disse a voz robótica do seu Rotom Phone.
Flying e Fighting… – murmurou Juliana,
aterrorizada.
O
Pokémon flamingo fez um barulho, esticando o pescoço e as asas, em pose de
combate. Juliana olhou para sua Sandile aproveitando o conforto da areia no
interior da sua bolsa de Soft Sand, e
decidiu que iria manter-se com ela em campo.
–
Flamigo! Usa Low Kick! – ordenou
Nemona à ave.
– Tolya!
Esquiva-te e usa Bite na outra pata
dele!
O
Pokémon flamingo esticou uma das patas, saltando contra a Sandile. Tolya mal
teve tempo de reagir de tão veloz que o flamingo se aproximou. A estratégia de
Juliana não era má ideia, mas ambas precisavam de mais prática para fazer com
que a mesma resultasse.
A
pequena Sandile tossiu um pouco, insatisfeita com o fracasso, o Low Kick a deixara com muitos danos no
corpo. Afinal, Sandiles eram fracos à tipagem Fighting.
– Low Kick! Outra vez! Flamigo!
– Tolya! Tenta
esquivar-te e usa Scary Face!
A Sandile deus
uns passos, aos tombos, encarando Flamigo com má cara. Quando próximo, o
Flamigo mostrou-se um pouco relutante, com medo da expressão de Tolya, mas não
hesitou e atingiu a crocodilo de areia com um pontapé de sucesso.
Tolya foi
jogada para trás, caindo inconsciente metros atrás de Juliana.
A jovem
retrocedeu a sua Sandile, sem saber bem o que fazer a seguir. Tanto Rosa como
Tamar levariam golpes críticos.
– Então Juju!
Queres desistir agora? – Nemona disse-lhe, com um sorriso triunfante e
provocador.
– Rosa! Leafage!
– Wing Attack!
Juliana soltou
a Sprigatito, mas mal esta entrou em combate, mal teve tempo de se preparar,
levando com um poderoso golpe voador, que a fez ficar inconsciente.
Juliana
começou a desesperar com o calor que a batalha agora emanava. Só restava um
Pokémon de ambos os lados.
– Tamar!
Espero que sobrevivas! Por favor Arceus, eu tenho que ganhar isto! – a rapariga
disse, a tremer, enquanto atirava a sua ultima cápsula ao ar, com várias
lágrimas sendo soltas dos seus olhos.
O Krokorok
surgiu no meio do campo, e chicoteou sua cauda, fixando o flamingo e suas penas
reluzentes ao luar. O Flamigo esticou o pescoço, e as asas, como quem gozava
com a pose feroz do opositor.
Juliana sabia
que não podia deixar que Tamar sofresse os golpes do tipo Fighting do Flamigo, e tentou formular um plano nos breves segundos
que se seguiram.
O entusiasmo voltara
por completo ao olhar intenso de Nemona.
– Flamigo! Focus Energy.
O Pokémon rosa
começou a se concentrar no corpo de Krokorok, com o objectivo de encontrar o
ponto certo para desferir um golpe crítico. Nemona foi bem generosa em não
pedir ao flamingo para atacar diretamente. Juliana ainda procurava estudar que
golpe utilizar.
A luz do farol
cortou o céu.
Não te esqueças de usar o ambiente ao teu
redor! Tenta ser criativa e tem confiança com os teus Pokémon. As vezes, uma
simples pedra no meio do campo de batalha pode ser um trunfo que te auxilie na
vitória. – as palavras da mãe ressoaram em sua cabeça.
A rapariga
olhou para toda a paisagem que a rodeava. A arriba que sustentava a famosa
torre, mesmo ali ao lado de uma outra falésia da praia privada, despertou a
atenção. Lembrou-se da derrocada que a deixara presa na baía que se encontrava
no outro lado daquela parede. A luz do farol cortou o céu, outra vez, e olhar
diretamente para ela quase cegava.
Bingo.
– Tamar, estás
a ver a falésia ali? Vai até lá e usa Dig
na parede!
– O quê? O que
estás a fazer?! Não fujas de mim! Flamigo! Atrás dele! Low Kick!
Tamar começou
a correr, o máximo que conseguiu, sendo seguido pelo Pokémon rosa. As duas
humanas correram para mais perto, acompanhando o ritmo de maratona dos seus
monstrinhos.
O Krokorok
penetrou na parede de rocha escassos segundos antes do Flamingo o atingir com
sua pata.
Depois do
fracasso, o Pokémon voou mais alto, tanto que quase se confundia como um
potinho rosa no meio das estrelas no céu negro, e, quando Tamar saiu do buraco,
a ave estava demasiado alta para ser alcançada com um golpe oriundo das
profundezas da terra.
– Continua com
Dig a fazer túneis! – instruiu Juliana.
– Low Kick! Tenta acertar nele!
A parede da
falésia tornou-se em vários minutos num jogo de whack a mole. Mal Tamar saia do buraco que escavava, entrava logo
nas rochas, bem antes do Pokémon lhe pontapear. A parede, aos poucos, começou a
ficar fragilizada, soltando gradualmente pedregulhos que caiam numa chuva que
dificultava o campo de visão de Flamigo.
– Mantém-te
firme com Dig enquanto eu penso em
algo! – Juliana gritou para ele, enquanto consultava o seu Rotom Phone – Dig, Bite, Torment, Crunch… Já sei!
– Detect e depois Low Kick quando ele sair! – gritou Nemona ao seu lado, fervendo por
não saber o que é que Juliana planejava.
Era arriscado
mandar o Pokémon para o interior dos túneis que colapsavam, e o Krokorok já
mostrava dificuldades em não cair junto com as pedras nas próprias derrocadas
que causava. As pedras já eram tão constantes que, pouco a pouco, era difícil o
Pokémon voador tomar uma aproximação sem ser atingido.
Graças ao Detect, Flamigo conseguiu interceptar a
altura certa em que o Krokorok viria à superfície, e procurou realizar um voou
certeiro.
Mas a que
custo.
O Pokémon
estava tão concentrado em descobrir o lugar do Krokorok para lhe dar uma
marretada com a pata que se esquecera do farol.
A bendita luz
do farol!
Luz esta que atingira
seus olhos.
Nemona não
entendeu o que ocorreu. Haruka encolheu os ombros, chocada com a estratégia da
filha. Por sorte do crocodilo ou acaso do destino, o Flamigo ficou confuso,
cego, e errou a pontaria no preciso instante que voou a pique até as rochas na
parede da arriba. Afinal, era complicado levar com uma luz fortíssima daquele
calibre diretamente nos olhos, e isso podia atordoar qualquer animal.
O Flamigo
caiu, subterrado nas rochas de mais uma derrocada.
Juliana
aproveitou a oportunidade. Tamar saltou para o centro da nuvem de poeira que se
elevara, na areia da praia metros abaixo.
– Era isso que
eu queria! Torment! Agora! – Juliana
gritou cheia de entusiasmo, ela mal podia acreditar que sua estratégia dera
certo.
Torment era uma técnica que
impossibilitava o adversário de usar o ultimo golpe que utilizava vezes
consecutivas. O Krokorok conseguiu aplicar a técnica ao Flamigo, que ainda
tentava sair debaixo das rochas pesadas. Agora o Flamigo não lhe podia atingir
com um Low Kick, e ela tinha que
aproveitar.
– Agora usa Crunch!
– Wing Attack!
Ainda preso
debaixo das rochas, somente com o pescoço e parte do corpo fora, o flamingo
bateu as asas, acertando a boca do Krokorok para tentar fazer com que este se
afastasse. Os dentes afiados do Pokémon crocodilo penetraram nas penas da sua
asa com força suficiente de maneira a evitar o Wing Attack. O Flamigo piou, frustrado por ter seu corpo preso e
agora uma asa também, e isso deixava sua defesa muito aberta.
– Usa Crunch outra vez! – a rapariga ordenou
a seu crocodilo de areia, sentindo uma gota de suor escorrer-lhe da testa. Ela
tinha que acabar com o pássaro de uma vez por todas.
–
Wing Attack! Outra vez, Flamigo! –
Nemona falou, eufórica.
Com
a única asa livre, o Flamigo tentou atacar o focinho do Krokorok. Tamar
concentrou-se, e agora, em vez de uma única asa de um flamingo presa em suas
poderosas mandíbulas, tinha as duas asas de um flamingo.
– Tenta
sacudi-lo para ele te largar! – instruiu Nemona, enquanto procurava outra opção
melhor.
– Aguenta-o e
continua com Crunch!
O Pokémon rosa
procurou reunir a pouca energia que lhe restava, mas foi sem sucesso. A
mordidela do Krokorok estava a ser cada vez mais dolorosa, e o crocodilo o
puxava e o sacudia.
Com um pouco
de mais força, os ossos do corpo do Flamigo podiam quebrar.
Tanto que o
Flamigo, em certo ponto, não pode mais continuar, e Tamar teve que o largar.
Nemona
respirou fundo, com os olhos fechados.
O feixe de luz
da sua Pokéball ofereceu ao Flamigo um bom descanso.
A poeira da
derrocada assentou totalmente. Haruka fechou os olhos e começou a se afastar
devagarinho, sem que as humanas dessem pelos movimentos dela.
– PARABÉNS
JUJU! GANHASTE!
– O QUÊEE?
– ISSO MESMO,
JUJU! GANHASTE!
Ela mal podia
acreditar no que ouvia. Nemona, por sua vez, estava aos pulos.
Não tinha a
sua guitarra, mas não importava. Iria usar a energia daquele glorioso momento
para uma canção. Canção comemorativa da sua primeira batalha. E também, da
primeira batalha que ganhara, apesar dos dois primeiros Pokémon terem sido
conquistados com um pouco de batota.
Agarrou Nemona
no braço, e ambas, às gargalhadas, começaram a dançar no meio do campo de batalha.
O Krokorok reuniu-se à festa, ficando no meio das duas treinadoras a festejar o
evento.
Vitória! Vitória! Vitória-a!
Reconquistando a Gloria-a!
Vitória! Vitória! Vitória-a!
Neste dia, adquirindo, a minha-a!
Fabulosa-a Motoca!
Só terminaram
de cantar quando, depois de voltas e mais voltas de dança, o Krokorok caiu no
chão, exausto. Juliana acalmou-se mais e o retornou para a sua Pokéball após
agradecer a seus companheiros. Mas ela, e a outra humana, também decidiram
deixar-se cair, ficando de barriga para cima deitadas na areia macia.
As estrelas no
céu brilhavam, belíssimas, também encantadas com o desfecho do combate.
– Não sei o
que essa canção significa mas… – e de repente, Nemona deu-lhe uma pequena
cotovelada no braço, nada muito violento, mas suficiente para dar um susto em
Juliana. – Isso foi por me teres enganado! Não voltes a brincar com meus
sentimentos! Vou te bater mais na próxima!
– É justo… –
Juliana riu, esfregando o local da pancada, como se a força lhe tivesse magoado
a sério. – Desculpa lá por isso, eu nunca combati antes e precisava mesmo ganhar…
Uma longa história… Mas eu juro que não fiz batota com o Tamar!
– Juju! Com o Tamar é que importa, pois com ele GANHASTE!
GANHASTE! GANHASTE! – continuou Nemona, aos berros. – Tu tem um talento para
isto, amiga! Há muito tempo que ninguém me ganhava! E eu estava dando bastante
de mim com o Flamigo!
– Talento?
Achas mesmo? – ela encolheu os ombros, tímida.
– Devias
aceitar o desafio dos líderes de ginásio! Enfrentar a Liga Pokémon! Ser minha
rival! Vá! Vamos! Quero lutar contra esses crocodilos para o resto da minha
vida! E que tal uma SEGUNDA RONDA? Daqui a pouco vamos lutar outra vez!
A jovem
começou a rir, sem jeito. Era muita coisa para processar.
– Eu… Eu não
sei se… Se sou boa o suficiente para isso…
– Claro que
és! Combateste melhor que muito treinador iniciante por ai! Arrebita mas é e dá
com o que eu te digo! Investe nesse talento! Esta batalha foi I-N-C-R-I-V-E-L! Claro
que és boa o suficiente! O que te leva a pensar assim que não és?!
Naquele Instante,
Juliana lembrou-se da mãe.
Estranhou o silêncio
e súbito desaparecimento dela, pois durante o festejo, não a avistou e muito
menos ouvira sua voz. Sentada na areia, olhou para todos os lados,
principalmente para a espreguiçadeira onde a mulher se encontrou sentada o
tempo todo durante a batalha.
Mas ela não
estava mais por ali.
– Ei Nemona? Viste
para onde minha mãe foi?
– Não, não
notei ela se indo embora… Estranho.
– Hummm… então
acho que é melhor eu ir embora também
– ESPERA! Não
queres ficar mais um pouco? Fazer uma segunda batalha?
– Desculpa
Nemona, hoje não. Tenho mesmo que me ir embora – o tom de voz de Juliana
pareceu aflito.
Juliana não
sabia o que o desaparecimento súbito da mulher queria dizer.
Ela não iria
ir embora assim daquela maneira da casa de alguém sem a companhia dela. Haruka
conseguia ser bem controladora, demasiado até, e deixar a filha sozinha na casa
dos vizinhos era impensável, pois se preocupava com questões relacionadas a
aparências, e não conseguia confiar em bons modos vindos de Julie.
– Calma amiga.
Podemos pelo menos trocar números de Rotom Phone? Assim amanhã na Academia
podemos combinar qualquer coisa melhor para nos encontrarmos!
Juliana
concordou. Devia ter feito uma troca de números também com o dono original do
Cyclizar estranho, mas na altura não se recordara disso. Depois de ambos os
dispositivos armazenagem os dados, Juliana despediu-se da rapariga, agradecendo
a estadia na praia, a oportunidade pelo combate, e prometendo um novo desafio
para breve.
Começou a
correr pela praia, deixando Nemona eufórica fazendo seus Pokémon combaterem
entre si, tamanha era a excitação dela. Pensou conseguir alcançar a mãe na
escadaria entre as rochas no promontório, mas nem lá, nem no jardim da mansão,
ela se encontrava. Talvez tivesse voltado a casa.
Saiu pelo
portão da mansão, pisando a calçada daquela área de Cabo Poco. Só quem passa a
vida a percorrer os caminhos de calçada Paldeana, sabe o quanto pisar as rochas
de um local novo entrega uma textura refrescante debaixo dos pés, pois as
pedras pareciam tão diferentes de um local para outro. E seguir aquele caminho,
fez Juliana repensar e acalmar-se. Talvez a mulher precisava mesmo de algum
tempo afastada dela para pensar na discussão que ambas haviam tido.
Estava sim,
muito ansiosa para receber seu troféu, mas o seu Cyclizar podia esperar um
pouquito. E na caminhada, abrandou o passo. Encarou o mar e a luz da lua
embatendo em suas águas, tornando-as brilhantes até o horizonte.
Depois
lembrou-se de consultar o Rotom Phone, talvez a mãe lhe tivesse mandado alguma
mensagem avisando sobre sua retirada. Enquanto caminhava rumo a casa, o que Juliana
não esperava era que Nemona já lhe enchesse o Rotom Phone com mensagens
excêntricas.
Mulher!
Vamos!
Combater Outra Vez QUANDO?????
ME RESPONDE?
PORQUE NÃO ME RESPONDES?
AINDA SOMOS AMIGAS?
NA NOSSA PRÓXIMA BATALHA!
Eu vou TE BATER MUITO POR ME TERES ENGANADO!
Quando vamos combater??????
Queres combater ou não?
Por favor, diz alguma coisaaaaaaaa!!!
Esse capítulo é muito marcante pelo simples fato de que a batalha contra a Nemona acaba cumprindo um papel muito além de um simples desafio de treinador iniciante pra Juliana. Ela acaba servindo como um pretexto pra que ela e a Haruka comecem a reparar os danos da briga no capítulo anterior.
ResponderExcluirA Haruka passando sua experiência como treinadora pra Juli, mas ao mesmo tempo sem entregar tudo de bandeja, incentivando a filha a encontrar as respostas por conta própria pra poder se habituar a isso, já que lá na jornada dela a menina vai ter que resolver os problemas sozinha.
Mas como a nossa querida protagonista é a rainha do cringe, ela tinha que cagar tudo pra variar! kkkkkkkkkkk Que ideia de bosta de ficar se fazendo de vítima pra conseguir arrancar a vitória da Nemona, hein? Minha filha, isso aí na Liga não vai funcionar. Não vai funcionar nem contra outros treinadores comuns! O mundo real te engole! Dessa vez eu posso dizer que a língua solta dela a salvou, pelo menos a longo prazo...
Ótimo capítulo, como sempre!
Até a próxima! õ/
Nossa pobre menina Juliana ainda tem muito que aprender nesta vida... Pobre Nemona, que amiga esquisitona que foi arranjar! Nemona, para a próxima dá um soco com mais força na Juliana! Ela não é santa nenhuma e quanta mais porrada ela levar, melhor!
ExcluirPelo menos os planos dela foram descobertos a tempo e o pobre Tamar suportou o modo supremo de raiva da Nemona sozinho. Nosso crocodilo favorito é o verdadeiro herói desta história.
MUITO Obrigado por ler mais uma vez!