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    Toda a vasta densidão de tubos cortava a paisagem desértica, e Agnes aguentou a respiração face àquela visão terrível. Nunca tinha imaginado que o grande Deserto das Folhas Caídas fosse manchado com tamanha marca de poluição.

    E agora estava em frente a suas reais origens.

    Será que seu pai, o grande rei de Dreamian, sabia disto?

    A rapariga soltou o ar poluído que lhe queimava os pulmões, e procurou o seu dispositivo de comunicação no bolso. Tinha que avisar o seu pai imediatamente do problema, mas o cheiro a petróleo era tão intenso que lhe deixava a visão turva, e quando caminhou às voltas e mais voltas, com o braço esticado para cima para ver se apanhava rede no seu dispositivo, tropeçou sem querer num dos tubos mais pequenos do Oleoduto e magoou o joelho.

    Ao inicio choramingou. Mas não podia. Tinha que resgatar Marte. Sentia a falta da companhia dela, e sabia que tinha uma promessa ao seu dono para cumprir. O mesmo receava à muito, será que seu animal estava a ser alimentado devidamente e bem cuidado? Provavelmente não, tal como costumam ser muitas aberrações de circo, mas ele ainda tinha esperança de voltar a ter sua gatinha nos braços, a enchendo de mimos e muitas taças de coxinas de frango e tortas de maçã que ela tanto adorava.

    Não.

    Adora.

    Agnes elevou-se com dificuldade. Ela era a filha do rei. Tinha que adotar uma pose de maior confiança para seus amigos a poderem seguir e acreditar em seus planos sem desistência. E além do resgate, não podia deixar que aquele gravíssimo crime ambiental passasse despercebido. O Deserto das Folhas Caídas era uma importante paisagem protegida, e nada, nem ninguém, se iria atrever a destronar a beleza local sem qualquer aprovação da Monarquia do Reino.

    Limpou a ferida do seu joelho, ficando com a ponta dos seus dedos vermelha e com cheiro a ferrugem do sangue. Ainda doía, mas suportar a dor a fazia sentir-se ainda mais poderosa.

    Como a Rainha que estava destinada a ser.